segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Bispo Macedo ataca Globo e revela sucessor .

Edir Macedo Bezerra, 62, líder da Igreja Universal e dono da TV Record, diz que dois motivos o levaram a autorizar a publicação de sua biografia (ed. Larousse), que chega às livrarias no dia 15: medo de que alguém publicasse uma versão não-autorizada e se defender do que chama de "execração" e da acusação de explorar a fé.

O bispo também usa o livro para apontar publicamente -pela primeira vez- quem será seu herdeiro espiritual, o nome de seu sucessor em caso de morte.

"Doze anos depois de ter sido preso na rua, levado para a cela de uma delegacia e ter sido execrado nos noticiários dos jornais, do rádio e da televisão, resolvi contar minha versão dos fatos", declara Macedo em entrevista exclusiva.

O livro contém vários ataques diretos à Globo, que é acusada de ser manipuladora, desonesta e até imoral no trato das notícias, especialmente as que colocaram a ele e sua igreja no centro de escândalos.

Fica claro que o bispo não perdoou e jamais perdoará a Globo pela forma com que cobriu sua prisão, sob acusação de charlatanismo e curandeirismo, em maio de 1992, e pela exibição da minissérie "Decadência" (95), de Dias Gomes, que retratava um pastor evangélico desonesto.

A minissérie, aprovada pelo próprio Roberto Marinho à época, foi posteriormente considerada um tiro no pé na emissora. Revoltou a todos os evangélicos, e não só a Universal.

O rancor com a Globo pode ser mensurado nas 273 páginas da obra escrita por Douglas Tavolaro, diretor de Jornalismo da Record, com reportagem de Cristina Lemos. O nome da "inimiga" Globo ou o de Roberto Marinho são citados 50 vezes. Já o SBT -emissora empatada na vice-liderança do ibope com a Record, com seis pontos- é citado apenas duas.

Aliás, também sobram farpas para Silvio Santos. O biografado se gaba de tê-lo ludibriado nas negociações para a compra da Record. Usou um "laranja" na compra, Laprovita Vieira, até a hora de assinar o cheque.

Quando viu a manobra, o dono do SBT não podia mais voltar atrás, pois um sinal de US$ 7 milhões já fora dado.

"Dar a outra face" não faz parte de seus ensinamentos. Ele mapeia e combate inimigos.

Confiante ao exagero, acha que as revelações em sua biografia, com tiragem de 700 mil exemplares, podem mudar o Brasil. Suas críticas vão para a imprensa e para o Judiciário. "Os interesses por trás das manchetes e das decisões descabidas da Justiça; a manipulação da verdade motivada por interesses comerciais e religiosos... Isso precisa mudar."

RICARDO FELTRIN
editor-chefe da Folha

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